Debulha, Cantiga da – A debulha dos cereais (malhada no Norte) era feita, no sul do país, com o concurso de animais. Consoante as localidades e os donos da eira, podia a debulha ser feita ao trilho, que é um pequeno carro com eixos dentados, todo em madeira, puxado por burros ou, mais raramente, por bois de trabalho (vacas), ou “a pé de gado”, método em que o cereal é debulhado pelas próprias pisadas dos animais, bois ou burros circulando na eira em círculo, estes últimos presos por cordas.
Durante o trabalho, o homem que segue sobre o trilho cantava uma toada lenta, melismática e arrastada, quase um rudimento de melodia, como no aboio – vide. O texto é improvisado: “Vai na volta, ô-ô/ Olhó jerico, ô/ Vai na voltinha/ A cortar a palhinha / Eh! Pigarço, ô-ô”. Esta cantiga destinava-se a orientar o jumento e a amenizar-lhe o esforço, à semelhança do aboio.
Mais: Tradições Musicais da Estremadura, de José Alberto Sardinha, Tradisom 2000, p. 61 a 63.
Discografia: Tradições Musicais da Estremadura, de José Alberto Sardinha, faixa 4 (Paúl, Mafra) do CD 1 que acompanha o livro.
N. B. – OS TEXTOS DESTA ENCICLOPÉDIA DAS TRADIÇÕES POPULARES ESTÃO SUJEITOS A DIREITOS DE AUTOR, PELO QUE A SUA REPRODUÇÃO, AINDA QUE PARCIAL, DEVERÁ INDICAR O NOME DO SEU AUTOR, JOSÉ ALBERTO SARDINHA.