Rabeca chuleira (ramaldeira, rabela) – Rabeca de braço mais curto que o normal e, portanto, de som mais agudo. A rabeca chuleira tomou este nome na região duriense (Amarante, Baião) por se destinar a tocar exclusivamente a chula local, dança de enorme popularidade, tocada por vezes durante largas horas, com acompanhamento de violão “assurdinado no quinto ponto”, viola, tambor e ferrinhos. O próprio agrupamento instrumental ganhou, por isso, o nome de chula ou chulada. A construção deste instrumento só para a bailação da chula demonstra, só por si, a divulgação e enraizamento desta forma músico-coreográfica.
O mesmo aconteceu, segundo Sampayo Ribeiro, com a chula de Ramalde, cuja popularidade também originou o aparecimento de rabecas ramaldeiras, “iguaizinhas às chuleiras”. Em virtude de a chula ser muito executada pelos agrupamentos itinerantes denominados em certas regiões nortenhas por rabelas (vide), o instrumento de braço curto também é, nessas regiões, conhecido por rabeca rabela.
Não se julgue, porém, que o instrumento foi inventado pelo povo português, porquanto, na verdade, ele corresponde ao violino picollo, utilizado por vezes pelos compositores eruditos, como é o caso de Bach no primeiro Concerto Brandeburguês. Não deverá confundir-se rabeca com rabeca chuleira, pois esta é um sub-tipo ou espécie daquela – v. Rabeca.
Discografia: Portugal – Raízes Musicais, recolhas de José Alberto Sardinha, BMG/Jornal de Notícias, 1997, CD 1, Faixa 5 (Baião).
N. B. – OS TEXTOS DESTA ENCICLOPÉDIA DAS TRADIÇÕES POPULARES ESTÃO SUJEITOS A DIREITOS DE AUTOR, PELO QUE A SUA REPRODUÇÃO, AINDA QUE PARCIAL, DEVERÁ INDICAR O NOME DO SEU AUTOR, JOSÉ ALBERTO SARDINHA.