Martírios do Senhor – Cântico religioso popular de origem eclesiástica destinado a lembrar os padecimentos de Cristo, desde a Sua prisão até à agonia na cruz, para que os fiéis meditem no significado da Sua paixão e morte. Os martírios que lhe foram infligidos são minuciosamente descritos, por cada parte do corpo, dos Seus cabelos aos pés. Originariamente cantado durante a Via Sacra, o cântico transitou para as manifestações populares extra-litúrgicas, geralmente cortejos nocturnos às sextas-feiras da Quaresma, como a chamada procissão dos homens (Silvares, Fundão; Coutada, Covilhã). Embora existam exemplares de notório arcaísmo musical, encontra-se muito difundida por todo o país uma versão mais recente, que apresenta o seguinte refrão: Bendita e louvada seja / A paixão do Redentor / Para nos livrar das culpas / Padeceu por nosso amor. Também muito disseminada por todo o território nacional (Batalha, Aguiar da Beira, Serpa, i. a.), importa referir outra versão conhecida nalguns sítios por “Bom Jesus do Calvário” ou “Meu Jesus do Calvário” que, na Rebolaria, Batalha, é interpretada por dois grupos, em forma antifonal, repetindo o segundo o dístico cantado pelo primeiro desses grupos.
Mais: Tradições Musicais da Estremadura, Tradisom 2000, de José Alberto Sardinha, p. 225 a 228.
Discografia: Tradições Musicais da Estremadura, de José Alberto Sardinha: Faixas 29 (Turquel, Alcobaça) e 30 (Rebolaria, Batalha) do CD 2 que acompanha o livro; Recolhas Musicais da Tradição Oral Portuguesa, 1982, de José Alberto Sardinha, Disco 1, Lado A, Faixa 10 (Silvares, Fundão); Portugal – Raízes Musicais, recolhas de José Alberto Sardinha, BMG/Jornal de Notícias 1997: Disco 4, faixa 37 (Fundão).
N. B. – OS TEXTOS DESTA ENCICLOPÉDIA DAS TRADIÇÕES POPULARES ESTÃO SUJEITOS A DIREITOS DE AUTOR, PELO QUE A SUA REPRODUÇÃO, AINDA QUE PARCIAL, DEVERÁ INDICAR O NOME DO SEU AUTOR, JOSÉ ALBERTO SARDINHA.