Janeiras

Janeiras – Forma cantada de anunciar o Ano Novo, ou Ano Bom, de porta em porta, à noite, geralmente com acompanhamento instrumental, variável de região para região. Grupos de rapazes percorrem a povoação desejando felicidades para o ano que chega e pedindo em compensação uns copos de vinho, com pão, morcela e chouriça: “Levante-se lá, senhora / Desse banco de cortiça / Venha-nos dar as janeiras / Ou morcela ou chouriça”. Os habitantes das casas geralmente correspondem ao pedido dos janeireiros, oferecendo-lhes, adentro de portas, uma refeição ligeira (pão, azeitonas, fumeiro, vinho).

A tradição começa na noite de passagem de ano e vai até 5 de Janeiro, dia em que se passa a cantar os Reis, ou prolonga-se por todo o mês de Janeiro nas regiões em que se não canta os Reis de porta em porta. Nalgumas regiões (Estremadura, Região do Pinhal, Alentejo, também Trás-os-Montes), a tradição de cantar as janeiras entronca nas celebrações do culto dos mortos, próprias do Inverno, pois os janeireiros fazem um peditório (em géneros depois leiloados, ou em dinheiro), cujo produto se destina a mandar rezar missas pelas Almas do Purgatóriovide. Percorrem longas distâncias por aldeias ao redor da sua, antigamente a pé, por devoção, promessa, ou obrigação imposta pela confraria das almas a que pertencem. Estes peditórios devocionais prolongam-se por todo o mês de Janeiro.

Mais: Tradições Musicais da Estremadura, Tradisom 2000, de José Alberto Sardinha, p. 149 a 158.

Discografia: faixa 12 (Bolhos, Peniche) do CD 2 que acompanha o livro Tradições Musicais da Estremadura; Portugal – Raízes Musicais, de José Alberto Sardinha, BMG/Jornal de Notícias 1997, CD 4, Faixa 15 (Covilhã), CD 5, Faixas 27 (Odemira) e 34 (Bombarral), CD 6, Faixa 13 (Loulé); Recolhas de Armando Leça, inéditas, arquivo RDP, bobine AF-528 (Penafiel), AF-543 (Mértola), AF-545 (Estômbar, Lagos).

N. B. – OS TEXTOS DESTA ENCICLOPÉDIA DAS TRADIÇÕES POPULARES ESTÃO SUJEITOS A DIREITOS DE AUTOR, PELO QUE A SUA REPRODUÇÃO, AINDA QUE PARCIAL, DEVERÁ INDICAR O NOME DO SEU AUTOR, JOSÉ ALBERTO SARDINHA.