Clarinete

Clarinete – Instrumento de orquestra e de banda filarmónica, da família dos aerofones de palheta simples batente de cana, por vezes utilizado em conjuntos instrumentais populares, como sucedâneo da charamela e parente da gaita-de-foles (nalguns casos substituindo-a, noutros juntando-se-lhe), não apenas ao nível da sonoridade, senão também da funcionalidade (arruadas, toques ao ar livre). Ocorre nalgumas tunas, mas também em conjuntos informais para tocar em espaço aberto, na rua, em rusgas e em bailes. E isto já acontecia em meados do séc. XIX, posto que Sousa Viterbo, nascido em 1845, escreveu que se recordava, no tempo da sua mocidade, ver ranchos de romeiros a atravessar o Porto em direcção ao Senhor da Pedra, tocando violas e clarinetes.

No Almanaque de Lembranças para 1860, um artigo sobre a “Romagem da Sra. Das Neves”, Viana do Castelo, fala dos romeiros “cantarolando e dançando ao som de seus afinados instrumentos, que são pela maior parte, duas ou três violas, igual número de clarinetas e rebecas, algumas vezes o belo violão e sempre as castanholas hemisféricas de seco e duro buxo”. Note-se que clarineta é o antigo nome do clarinete. Em 1893, César das Neves, em nota a uma chula de Penafiel, informa que “o instrumental, na aldeia, compõe-se de rabecas, violas, violões e outros instrumentos de corda, ferrinhos e um tambor, e algumas vezes flauta e clarinete”. Em 1898, transcreve uma chula denominada “A Mirandeza”, com partes para gaita-de-folle e também para harmónico, informando em nota que esta chula pastoril também é acompanhada por clarinetes, requinta, flauta, tíbia, rebeca, tambor e castanholas.

Discografia: Recolhas de Armando Leça, inéditas, arquivo RDP, bobine AF-523 (Vila Verde e Palmeira, Braga), AF-527 (Guimarães).

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