Chotiça

Chotiça – Dança popular portuguesa de compasso binário, proveniente da schottische centro-europeia, introduzida entre nós no séc. XIX. A schottische é considerada pelo Oxford Companion to music uma espécie de polca mais lenta, de origem continental, que não deve ser confundida com a escocesa. Todavia, analisando a sua estrutura rítmica, diremos antes que a schottische é uma simplificação da polca (por sinal, há quem a denomine polca escocesa). Esta simplificação não determinou abrandamento do ritmo, que se constata ser vivo, como o da polcavide. Talvez por isso, há também quem a identifique como uma versão rápida do passacalle. Seja como for, a chotiça possui um balanço de grande eficácia bailatória, pelo que atingiu enorme popularidade por toda a Europa e também em Portugal.

Grande parte das modas bailadas do nosso povo é constituída por chotiças, sem porém levarem esse nome. Como aconteceu com muitos outros ritmos bailatórios importados (v. g., a polca), a chotiça permanece na tradição popular portuguesa sob três tipos de denominação: em primeiro lugar, com esse mesmo nome, ou seja, a designação aportuguesada directamente procedente da sua origem centro-europeia (chotiça), por vezes também checote, esta designação provavelmente derivada de scottish, scótis em espanhol (de escocesa, polca escocesa – v. supra); em segundo lugar, com o nome resultante de alguma especial característica coreográfica, como é o caso do corridinho (vide), ou o do fado batido (também tributário da chotiça); por último, ganhou outras designações que lhe foram sendo dadas pelas letras que lhe foram introduzidas para serem cantadas, geralmente respeitantes ao refrão, quando este existe.

Mais: Tradições Musicais da Estremadura, de José Alberto Sardinha, Tradisom 2000, p.367-368.

Discografia: Tradições Musicais da Estremadura, de José Alberto Sardinha, Faixa 36 (Torres Vedras) do CD 3 que acompanha este livro; Portugal – Raízes Musicais, recolhas de José Alberto Sardinha, BMG/Jornal de Notícias 1997, CD 5, Faixa 17 (Avis); A Origem do Fado, de José Alberto Sardinha, CD 3, Faixas 16 (Livração, Marco de Canaveses) e 20 (Montargil, Ponte de Sor).

N. B. – OS TEXTOS DESTA ENCICLOPÉDIA DAS TRADIÇÕES POPULARES ESTÃO SUJEITOS A DIREITOS DE AUTOR, PELO QUE A SUA REPRODUÇÃO, AINDA QUE PARCIAL, DEVERÁ INDICAR O NOME DO SEU AUTOR, JOSÉ ALBERTO SARDINHA.